Quem somos

O que é o Blog Tudo Bem ser Diferente: Espaço aberto para ideias sobre diversidade e inclusão. Como a sociedade percebe os diferentes? Por que ainda há tanto preconceito com as pessoas com deficiências, com síndromes ou até mesmo que fogem ao padrão estabelecido socialmente? Como podemos contribuir e lutar contra o preconceito? Não é um espaço para rótulos; mas para aprendizado… As experiências de Sônia Pessoa, idealizadora do blog, pessoais podem ser lidas na categoria Minhas Vivências / Vivências de Sônia Pessoa, neste blog.

Quem é Sônia Caldas Pessoa: Jornalista, professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma das fundadoras e coordenadoras do Afetos: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades, doutora em Estudos Linguísticos pela UFMG, com a tese “Estética da Diferença: contribuições ao estudo da deficiência e das redes sociais digitais como dispositivos de mise en scène. Inquieta e incomodada com o preconceito contra as crianças com necessidades específicas, o racismo e a homofobia. Na verdade, incomodada com o preconceito em geral. Sônia criou o Tudo Bem Ser Diferente a partir das vivências com o filho Pedro, que viveu entre 2006 e 2016. Confira aqui A morte do Pedro! Chacalaca! Quer conhecê-la um pouco mais?

Em outubro de 2017, após quase dois anos sem movimentar o blog, decidiu retomar as publicações, passando a dividir a edição com o sociólogo Carlos Wagner Jota Guedes, que vocês já devem conhecer pela coluna Papo de Pai aqui neste mesmo blog.

Aqui você confere uma galeria de fotos do Pedro e um texto que conta um pouco sobre o nascimento e morte do garoto mais fofucho bochechudo do mundo!

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Pedro, o personsagem que deu origem ao Tudo Bem Ser Diferente

Pedro chegou no amanhecer de junho em um inverno rigoroso em Nova Lima, onde morávamos na época. Estava quietinho curtindo a minha barriga já no prazo final dado pelo médico. Nem sinal de querer sair do conforto… De repente, na madrugada, resolveu aparecer.

E como planejamos, foi parto natural na era da cesariana programada. Podem se passar anos e jamais me esquecerei do obstetra, Dr. Emerson de Godoi, sensível como ele só ao universo feminino, ligando, de surpresa, a música clássica que acompanharia aquele momento mágico. Após nove anos de casamento e de investimento na carreira de jornalista e de professora, chegava a hora de ser mãe.

Aos quatro meses, a bomba que quebrou o encantamento… A experiência da pediatra Neusa Caiafa levou ao diagnóstico de hidrocefalia e de um tumor benigno no terceiro ventrículo cerebral. A única lembrança de hidrocefalia que eu tinha era de crianças deitadas nos leitos do Caminhos para Jesus, com suas carinhas de anjo e cabeças enormes que as impediam de se levantar. A primeira reação foi de desespero… as outras são indescritíveis e inumeráveis. Mas uma certeza andava comigo: Pedro era maior do que tudo aquilo.

Tive a nítida sensação de que, de alguma maneira, o significado de Pedro fazia sentido naquele momento: rocha, pedra, rochedo, equilíbrio… Ele seria Francisco por causa da paixão do pai pelos rios e de sua pesquisa histórica sobre o vale do São Francisco. Mudei de ideia no meio da gravidez… A força do Pedro me ensinou dia a dia o quanto uma criança, tão pequenina, com poucos meses de idade, podia ser muito e mais do que qualquer um de nós.

Sem reclamar, Pedro aceitou a sua condição inicial e se apegou aos amigos do hospital. Incansável, entrava e saía de blocos cirúrgicos e UTIs, era reconhecido pelo nome, sobrenome, pelo sorriso, naquela época, ainda tímido. Dr. Rodrigo Faleiro, conhecido não só pela habilidade na neurocirurgia, é tido pelas famílias das crianças como um anjo. Tanto cuidado, sempre permitindo a participação da família, tornava a situação mais tolerável e com ainda mais esperança. “Cadê o Dr. Rodrigo?” era a pergunta preferida do Pedro logo que soltou a língua…

Poderia escrever laudas e laudas (ainda existe isso?) sobre o Pedro, Pepê, Pê, Pêzinho, Pedrão, Dom Pedro e muitos outros apelidos carinhosos pelos quais me dirijo a ele, só para seguir a tradição familiar – meu pai me chamava de Sônia, Soninha, Miss Off, entre outros… Talvez vá escrevendo no blog e contando as peripécias desse rapazinho, prestes a fazer sete anos. Hábil na palavra, gentil, sedutor, como dizem os adultos, encantador, como diz o clichê da mãe. Louco por idiomas e por música, sabe viver o dia, aprende com o erro. Aprendeu cedo que quem cai levanta, uma brincadeira para os tempos em que mal se equilibrava em pé.

A ideia do blog foi repentina. Uma angústia na educação, uma vontade de compartilhar, um desejo de debater. Pedi autorização ao Pedro para contar as suas histórias junto com as informações sobre educação inclusiva. Pedi também para publicar os seus desenhos: “Se você publicar o meu padrinho, a minha dindinha e os meus amigos vão poder ver que estou aprendendo a desenhar”. Autorizado, aí está o desenho que ilustra esse post… Pedro por ele mesmo…

Confira aqui A morte do Pedro! Chacalaca!