Táxi acessível: uma boa! Papo de pai, por Carlos Wagner Jota Guedes

Uso táxi com o João duas vezes por semana – sou desses que com preguiça deste trânsito infernal preferiu não perder tempo com carteira de motorista -, é que nestes dias ele tem fisioterapia e terapia ocupacional e se não fizermos uso do táxi não conseguimos chegar à escola em tempo hábil. Como já disse outras vezes aqui, depender dos taxis convencionais é muitas vezes um problema para quem está na cadeira de rodas ou o familiar que está junto. Você fica à mercê deles quererem te transportar. Em certos pontos de taxi da cidade prefiro esperar, a pegar quem já teve má vontade, tenho razoável memória fotográfica e isso facilita. Logo que descobri o serviço do taxi acessível comecei a fazer uso. Como diz o João “esse táxi é pra todos” (ele ainda não entende a lógica de classe que impede milhares de pessoas terem acesso a este tipo de transporte), “não preciso sair da minha cadeira, isso é legal”, “neste taxi eu vejo tudo que se passa na rua”.

Descobri este tipo de serviço porque frequento o site da Bhtrans com certa frequência, sempre fico atento a matérias publicadas nos jornais sobre questões relativas às pessoas com deficiência (PcD) e, principalmente, porque frequento diversas redes sociais.

Quando converso com os taxistas, já peguei 4 ou 5 até agora, é unânime a ideia de que falta divulgação do serviço. Ainda tem muita gente que não sabe que existe ou acha que é mais caro. Nada mais equivocado. Belo Horizonte já tem 60 táxis acessíveis e o serviço, que eu conheci, é de excelente qualidade e não custa um centavo a mais que os demais táxis. Um dos problemas que percebi, que também ocorre com os táxis comuns, é você ligar e não conseguir a corrida na hora. Eu ligo para duas cooperativas, normalmente com 40 minutos de antecedência:

Acessível Táxi BH. (tem um atendente chamado Frederico que é muito atencioso).

Rua Pedro Lessa, 871.
Belo Horizonte.
Tel.: (31) 2555 – 6200
E-mail: acessiveltaxibh@yahoo.com.br.
Site: www.acessiveltaxibh.com

Táxis adaptados – Uai Táxi.
Rua Pouso Alegre, nº 1011, Sala 206.
Bairro Floresta, Belo Horizonte – MG.
Tel.: (31) 3022 – 7327 ou (31) 2535 – 6553
Site: uaitaxi.com.br
E-mail: contato@uaitaxi.com.br ou uaitaxi@hotmail.com.

Se não me engano cada uma delas tem dez carros acessíveis e quando não é possível atender a demanda, o telefonista costuma indicar outra cooperativa ou passar o telefone de algum taxista.

Algumas coisas ainda são obscuras para os próprios taxistas. Por exemplo: eles podem buscar passageiros usuários de cadeira de rodas no aeroporto de Confins? Porque na atual configuração de serviços de taxis de Belo Horizonte só é possível levar, não podem trazer. A principal reclamação daqueles com que andei é que falta divulgação do serviço. Ainda são poucos os chamados oriundos de pessoas com mobilidade reduzida. Conversando com o Frederico, da Acessível Táxi Bh, as chamadas destas pessoas estão crescendo a cada dia e o serviço funciona 24h. Ou seja, a lei seca também tem validade para esse publico. Vai tomar bebida alcoólica é só agendar que o táxi acessível te leva para casa. Ou seja, essa política ajuda a beneficiar a todos. Ir ao teatro, ao cinema, ou qualquer tipo de lazer é possível que você consiga um táxi acessível. Ganha-se com isso, além de outras coisas, direito à visibilidade.

Um dado importante para compreendermos esse serviço é que na licitação feita pela Bhtrans para concessão de placas de táxis, os 60 táxis acessíveis ficaram sob responsabilidade de empresas. Isto significa que o taxista que está ali trabalhando é o /2 (leia-se barra 2), ele tem licença para trabalhar como taxista, mas não é dono do carro e da placa. Ele é funcionário de alguém. Ele paga diária ou tem salário. Se ele é diarista já começa o dia devendo.

No caso do transbordo para dentro e para fora do carro, temos demorado cerca de 10 minutos e tenho observado que o taxímetro está parado. Além deste tempo, não é em qualquer vaga que o táxi acessível cumpre sua função, ele precisa de espaço, para usar a rampa elétrica ou mecânica. Nessa brincadeira, o motorista “perde” mais uns 5 minutos dependendo do local. Fazendo uso da racionalidade instrumental que organiza esse mundo cão: se a regra que regulamenta esse serviço não tratar o PcD como prioritário, preferencial o uso de taxi acessível para quem tem necessidade de acessibilidade, você acha que o taxista vai atender alguma chamada? É possivel que não, ele vai preferir pegar o passageiro típico, é mais rápido e menos trabalhoso. Já ouvi dizer que existem liminares que não obrigam alguns táxis acessíveis a serem preferenciais para quem tem mobilidade reduzida, se isso permanecer, é uma perda para a comunidade.

 

*Carlos Wagner é graduado em Ciências Sociais e mestre em Sociologia. É entre outras coisas pai do João. Assina a Coluna Papo de Pai, publicada toda quarta-feira em http://www.tudobemserdiferente.com

** As opiniões aqui publicadas são de responsabilidade do colunista.

2013-09-03 09.55.43